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sábado, 1 de dezembro de 2018

Dia do Samba, Porque 02 de Dezembro


Dia do Samba
Carlos J Fernandes Neto


A Viola Está Magoada, 
Samba de Catulo da Paixão Cearense 
gravado em 1913         

                                                                                                                      








     Sobre a escolha da data de 2 de dezembro como Dia do Samba o autor do projeto de lei assim se expressou: “A iniciativa foi do presidente da Confederação Brasileira das Escolas de Samba, Paulo da Costa Lamarão, visto que, nesta data, na época, começavam, por determinação legal, os ensaios das referidas Escolas, visando ao carnaval do ano seguinte, uma vez que, antes, eram bastante tumultuados e desordenados”. 

     O Dia do Samba consagrado no dia 02 de dezembro faz referência ao dia em que por ”Determinação Legal” começavam os ensaios das Escolas de Samba para o ano seguinte.

     A Lei nº 554, deriva do projeto de lei nº681 de 19 de dezembro de 1962, de autoria do Deputado Estadual Anésio Frota Aguiar do Rio de Janeiro, com o seguinte parecer “O Samba, segundo consta, teve suas remotas origens no Continente africano e para o Brasil foi trazido, ainda em estado embrionário, pelos escravos que traduziram nos seus ritmos, um tanto dolente, a saudade e a nostalgia que os assediavam. Em face da sua natural evolução a nossa musica popular foi tomando a sua verdadeira fisionomia, sofrendo, como é obvio, sucessivas modificações, através dos anos, para torna-se, em nossos dias, aquela musica alegre, agradável e, sobretudo, contagiante. Os nossos músicos e poetas expressam com felicidade e singeleza pelo Samba, verdadeiros sentimentos do povo brasileiro que, por seu turno, ouvindo-o e cantando, da completa vazão aquele prazer sadio e o faz de modo especial por ocasião dos festejos de Momo”.

          “Assim a instituição do Dia do Samba é, com efeito, uma justiça que se impõe como homenagem aos seus compositores, aos próprios brasileiros e á Musica Popular de nosso país, a qual encontra no Samba a sua expressão máxima”.

“O dia 2 de dezembro de 1962 que será festejado por todos os sambistas do país, marcará no Rio de Janeiro o encerramento do II Congresso Nacional do Samba, com a entrega de títulos honoríficos a todos aqueles que se destacaram na causa do samba”.

     A implantação do Dia do Samba consta do documento “Carta do Samba” extraída do I Congresso Nacional do Samba realizado no Rio de Janeiro no período de 28/11/1962 à 02/12/1962, com apoio do Ministério da Educação – Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. O Presidente do Congresso foi Edison Carneiro, e vejam os vices presidentes: Ari Barroso, Araci de Almeida, Almirante. Nas comissões: Paulo Tapajós, Haroldo Costa, Donga, Sérgio Cabral, Maestro José Siqueira, Pixinguinha, Tinhorão e Osvaldo Sargentelli, entre outros.

     Participaram deste I Congresso Nacional do Samba, intérpretes, sambistas, estudiosos, amigos do samba e interessados em geral.

     Consta da Carta do Samba em sua página de nº 08:-“ Até agora, para um disco brasileiro, centenas de discos estrangeiros são editados no país. E, entre os discos considerados brasileiros, muitos são traduções ou versões, que do Brasil têm apenas a língua básica em que são cantados, pois até mesmo a entonação e a bossa vêm prontinhas de fora. O músico nacional não participa sequer como intérprete nesses discos, que são gravados sem a letra e distribuídos assim a vários países, fazendo-se a montagem da voz na matriz já feita”.

     A Carta pede também que as gravadoras, estações de rádio e TV sejam obrigadas a produzir ou reproduzir 60% de músicas brasileiras. Entendem-se aqui como composição, intérpretes, músicos, com padrões de instrumentação e orquestração igualmente brasileiros.

     Nota-se que o problema não era só o do Samba, mas também de toda a categoria de artistas envolvidos no processo musical. Outra preocupação também era a de manter a originalidade musical, sem se deixar influenciar por outros gêneros típicos estrangeiros, mas também sem se deixar estrangular e amordaçar, possibilitando o seu próprio desenvolvimento e progresso, se houver alguma influencia que o Samba influencie e não seja influenciado.

     Outras correntes atribuem ao vereador baiano Luis Monteiro da Costa o estabelecimento do dia 02 de Dezembro de 1940 para render homenagem a Ari Barroso, que apesar de compor musicas com temas sobre a Bahia nunca havia tido a oportunidade de ir ao estado. Temos aí alguns questionamentos: A biografia de Ary Barroso (nenhuma) menciona esta suposta homenagem, no entanto, Ary Barroso só foi a Bahia no ano de 1941; A lei em seu texto original nunca foi apresentada ao conhecimento do público, nada sabemos sobre o vereador baiano, também não há sequer uma nota da Câmara Municipal de Salvador sobre o tema.

     Mas vamos voltar ao Dia Nacional do Samba. Dia 02 de dezembro pipocam shows, rodas de samba, e no Rio tem o Trem do Samba, e em São Paulo o Samba do Trem, onde os sambistas lotam os vagões para cantarem sambas. São muitas as opções. Pesquise e divirta-se, pois no Samba a festa não continua sem você.