PÁGINAS

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Adalberto, para mim Dadau

 por Carlos J Fernandes

Simples assim: Dadau. Companheiro de Vila, Amigo de Vida. Estive tentando lembrar um momento, um simples momento que esse cara não estava sorrindo. Difícil, não encontrei. Era alegre por demais. Era sim.

Trabalhou em serviços pontuais com equipes de segurança para shows musicais por todo país. Pronto, era o suficiente para seu divertimento pós adolescente, tudo era muito simples. Assistia o show gratuitamente e ainda ganhava algum. Chamava atenção seu gosto pelo Rock pesado, do qual falava com propriedade: Bandas, Discos, Sucessos, etc.

Na época surgia forte a construção de um aeroporto internacional na cidade, justamente numa baixada onde também já havia a base área, local sujeito a constante neblina. Não queríamos o aeroporto na cidade. Pois bem, Dadau se juntou a uns amigos que montaram a rádio pirata NEBLINA, o nome não poderia ser mais sugestivo.   Mas não houve jeito. O aeroporto foi construído, passou por cima de uma parte da estrada de Nazareth que teve que sofrer um grande desvio. A estrada levava a cidade de Nazareth e também a Vasconcelândia, parque temático tipo Disneylândia, idealizado por José de Vasconcelos que fracassou.

E foi assim até uma heroína adentrar sua vida. A coisa mudou com Sssssolange (era assim que brincava carinhosamente com ela, imitando o som de uma serpente, porem acredito que ela não gostava). Foi ordem na casa, ou mais ou menos. Por sua indicação arrumou emprego, carteira assinada, férias, décimo terceiro e tudo mais. Assim passou a assistir só os shows que interessava, e ter um orçamento mais organizado.

Tudo mudou. Entrou na Faculdade, foi cursar Administração. Até este momento seu maior contato era com meu irmão Vicente. Bom aconteceu de estar cursando também administração, e por vias do destino ficamos na mesma classe. Haja colação.

Aulas de sexta feira era difícil de assistir, era dia de marcar ponto no truco e comer pipoca com queijo parmesão frito. Entre idas e vindas, pegamos o canudo de papel, meu canudo de papel, mas a faculdade era particular... (Martinho da Vila).

Um certo magnata da cidade resolveu se candidatar para o executivo municipal. A artimanha foi escrever nos muros “Fulano de tal” aceite por favor, como se fosse uma pichação de um pedido da população. Combinamos eu, Dadau e meu Fiat 147 (como foi valente esse automóvel). Compramos umas latas de spray de tinta preto, e na sexta feira á noite saímos pichando os muros onde já havia as pichações com um tremendo NÃO. Então ficou assim “Fulano de tal” NÃO aceite por favor. Para finalizar paramos no Greguinho para comer uns pedaços de pizza, época que éramos membros da JS.

Nas férias de julho, eu e meu cunhado resolvemos passar uma semana acampados na praia de Camburizinho, antes da praia de Boiçucanga, quem me apresentou a este cenário especial foi meu amigo Beto Calou e sua esposa Maria José (hoje moram em Fortaleza e Juazeiro). Fiat 147 montado com as tralhas encontramos no caminho Dadau. De pronto disse: ‘’Também vou...” e foi. Por mais incrível que possa parecer deve ter sido a semana mais quente da existência no mês de julho, houve até campeonato de surfe. Estávamos sentados nas pedras observando o tamanho das ondas que vinham e quebravam abaixo da gente. E foi assim, olha essa como é grande, essa então é maior ainda, no que veio um baita onda, deu tempo de sair correndo, quando olhei para traz Dadau tinha paralisado e a onda quebrou encima dele, foi um perereco para se segurar, resultado: saímos rapidinho daquelas pedras. Uma noite no centro de Boiçucanga estávamos num barzinho, meu cunhado com o violão,e a coisa não parava. Certa altura da madrugada o dono do boteco colocou uma caixa de cerveja no chão ao nosso lado na varanda, disse: “Até amanhã, não agüentou mais...’ e foi embora.

O tempo havia virado, uma ventania danada. Na volta para o camping o 147 mal conseguia ficar na pista. Aventura a parte chegamos no camping. Para ajudar, um cachorro com medo da chuva conseguiu entrar na nossa barraca, comeu parte de nossa comida e acabou deixando a chuva entrar. Foi o último dia de nosso acampamento de julho.

Dadau casou, é meu compadre. Eu casei. Minha filha Gabriela nasceu, poucos meses depois nasceu a sua filha Jéssica. Alguns anos depois nasceu minha Beatriz e a sua Julia. Tivemos oportunidade de viajar juntos muitas vezes, acampar com as famílias, festas de fim de ano, almoços de domingo. Como não agradecer por estes momentos tão maravilhosos. Dadau foi a maior goteira instalada que conheci, o profano que mais trabalhou para erguer os pilares de nossa Loja, foi uma Extrema Razão, um número do Grande Arquiteto, e por fim meu GRANDE IRMÃO.

As outras histórias dessa viagem contarei em outras oportunidades, bem como muitas outras aventuras com esse grande amigo E IRMÃO Dadau.

Cara como você vai fazer falta, então vou tentar contar essas histórias aos pedaços para ir lembrando de você. Que o Grande Arquiteto te receba de braços abertos e conforte seus familiares.