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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Mario Lago - 102 anos

Mário Lago (Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1911 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 2002) foi um advogado, poeta, radialista, compositor e ator brasileiro.

Autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", ambos em parceria com Ataulfo Alves, fez-se popular entre as décadas de 40 e 50.

Filho do maestro Antônio Lago e de Francisca Maria Vicencia Croccia Lago,1 e neto do anarquista e flautista italiano Giuseppe Croccia, formou-se em Direito pela Universidade do Brasil, em 1933, tendo nesta época se tornado marxista. A opção pelas idéias comunistas fizeram com que fosse preso em sete ocasiões - 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969.

Foi casado com Zeli, filha do militante comunista Henrique Cordeiro, que conhecera numa manifestação política, até a morte dela em 1997. O casal teve cinco filhos: Antônio Henrique, Graça Maria, Mário Lago Filho, Luiz Carlos (em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes) e Vanda.

Torcedor do Fluminense, chegou a declarar, na época do 1º rebaixamento do clube, que a virada de mesa em favor do tricolor carioca havia sido uma atitude vergonhosa de todos os responsáveis, envolvidos no esquema. Ele afirmava veementemente, que o time deveria ter voltado à divisão de elite do Campeonato Brasileiro no campo, e não no tapetão.

Começou pela poesia, e teve seu primeiro poema publicado aos 15 anos. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na década de 30, na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde iniciou sua militância política no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, então fortemente influenciado pelo Partido Comunista do Brasil, à época PCB, atual PCdoB. Durante a década de 1930, a então principal Faculdade de Direito da capital da República era um celeiro de arte aliada à política, onde estudaram Lago e seus contemporâneos Carlos Lacerda, Jorge Amado, Lamartine Babo entre outros.

Depois de formado, exerceu a profissão de advogado por apenas alguns meses.  Envolveu-se com o teatro de revista, escrevendo, compondo e atuando. Sua estréia como letrista de música popular foi com "Menina, eu sei de uma coisa", parceria com Custódio Mesquita, gravada em 1935 por Mário Reis. Três anos depois, Orlando Silva realizou a famosa gravação de "Nada além", da mesma dupla de autores.

Suas composições mais famosas são "Ai que saudades da Amélia", "Atire a primeira pedra", ambas em parceria com Ataulfo Alves; "É tão gostoso, seu moço", com Chocolate, "Número um", com Benedito Lacerda, o samba "Fracasso" e a marcha carnavalesca "Aurora", em parceria com Roberto Roberti, que ficou consagrada na interpretação de Carmen Miranda.

Em "Amélia", a descrição daquela mulher idealizada, ficou tão popular que "Amélia" tornou-se sinônimo de mulher submissa, resignada e dedicada aos trabalhos domésticos.

Na Rádio Nacional, Mário Lago foi ator de Rádio, ele atuou na radionovela, especial da Semana Santa em 27 de Março de 1959: A Vida de Nosso Senhor jesus Cristo, interpretando Herodes, e também roteirista, escrevendo a radionovela "Presídio de Mulheres". Mas só ficou conhecido do grande público mais tarde, pela televisão, quando passou a atuar em novelas da Rede Globo, como "Selva de Pedra", "O Casarão", "Nina", "Elas por Elas" e "Barriga de Aluguel", entre outras. Também atuou em peças de teatro e filmes, como "Terra em Transe", de Glauber Rocha.

Mário esteve na União Soviética, em 1957, a convite da Radio Moscow, para participar da reestruturação do programa Conversando com o Brasil, do qual participavam artistas e intelectuais brasileiros. Mas os programas radiofônicos produzidos no Brasil, que Mário mostrou aos soviéticos, foram por eles qualificados de "burgueses" e "decadentes". A avaliação que Mário Lago fez da União Soviética também não foi das melhores. Ali, segundo ele, a produção cultural sofria pelo excesso de gravidade e autoritarismo. Apesar da decepção com a experiência soviética, Mário Lago jamais abandonou a militância política.
 
Em 1964, foi um dos nomes a encabeçar a lista dos que tiveram seus direitos políticos cassados pelo regime militar, e perdeu suas funções na Rádio Nacional.

Em 1989, ligou-se ao Partido dos Trabalhadores e atuou como âncora dos programas eleitorais do então candidato do partido, Luís Inácio Lula da Silva, à presidência da República, em 1998.

Autor dos livros Chico Nunes das Alagoas (1975), Na Rolança do Tempo (1976), Bagaço de Beira-Estrada (1977) e Meia Porção de Sarapatel (1986), foi biografado em 1998 por Mônica Velloso na obra: Mário Lago: boêmia e política.

No carnaval de 2001, Mário Lago foi tema do desfile da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz.

Assista vídeo:-