PÁGINAS

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Histórias que vovó não contava: Aldo Empresário de Raul?


Carlos J Fernandes Neto

Tremendo bate boca. Teatro FIG - UNIMESP, antigo Guimarães Rosa, festival de música da FIG. Eu era acadêmico de Administração. Aldo – Jose Aldo de Menezes, cursava Educação Física. Havia uma premiação para melhor torcida, na realidade nem importava muito, no entanto havia a competição, assim queria o troféu para Administração, conseguimos um grande número de participantes. Porem, o troféu foi “inexplicavelmente” para a Educação Física. Motivo para o tremendo bate boca no palco do teatro. Ali foi nossa apresentação. Tempos mais tarde um amigo comum, Lauro o leva para abertura de conta no banco em que trabalhava, sem saber do infortúnio anterior. Como racionais, depois de pelo menos 2 horas resolvemos e a sua conta foi aberta. Depois foram várias produções em que trabalhamos juntos, desde amostra de dança, festivais e shows.

Já era 1982 e fomos assistir a estreia de Os Caçadores da Arca Perdida. Somente o Cine Comodoro na Avenida São João – depois do cruzamento famoso, continue descendo pela São João sentido bairro até o cinema. O filme de Steven Spielberg só estava sendo exibido no Cine Comodoro - funcionou de 1959 até 1997. Com uma tela gigante de 20 metros por 7 de altura, e uma inclinação de 146º e som com efeitos Surround. O filme havia sido lançado nos EUA em 1981.

Fomos em três veículos com pelo menos 6 casais e amigos solo. Paramos num estacionamento e rumamos para a bilheteria do cinema para comprar as entradas. A fila era enorme, era imensa mesmo. Houve até aquela vontade de desistir. Para ter uma ideia a fila ia do Comodoro e ultrapassava a altura do Mappin da região, para quem lembra.

O inevitável acontece. Aldo foi ultrapassando a fila, chegou e bilheteria e exclamou: “Vim pegar os ingressos que foram reservados”. Vem a reposta: “Aqui não fazemos reservas de ingressos”. Desapontamento geral. Sai em direção ao estacionamento. Aldo disse que iria dar um jeito. Bom, por via das dúvidas voltei para o grupo e o deixei junto a bilheteria.

Acredito que não tenha sido mais que 20 minutos. Ele volta com um baita sorriso de empresário no rosto e vai logo explicando. Havia convencido o gerente do cinema que era empresário de Raul Seixas, e que o mesmo queria assistir o filme junto com seus seguranças, mas para evitar tumulto com sua chegada deveria ter um tratamento diferenciado, entrando por uma porta VIP.

Pois é. Voltamos aos veículos, pegamos as jaquetas, óculos escuros. Levantamos as golas da jaqueta e fizemos cara de maus. Mentira da gota. Meu irmão Vicente, cabeludo feito só, com uma barbicha e magro feito uma bezerra desmamada foi escolhido como sócia do Raulzito. Pronto. Fizemos um circulo em torno do “Raul”, pagamos e pegamos as entrada das mãos do gerente e entramos. Mas o gerente não queria perder a oportunidade de poder solicitar um autografo do roqueiro. Percebendo a insistência do gerente, entramos e rapidamente nos misturamos ao público, indo cada um para lados diferentes do cinema. Assistimos a sensação daquele momento. Com certeza a maior aventura foi a de nosso grupo. Ao sair avistamos o tal gerente tentando encontrar o Raul entre a multidão, esquivamos e chegamos vivos e salvos.

Imagino o que São Pedro deve estar passando neste momento. Até logo José ALDO de Menezes.