Ensaio Geral Domingo 19/02/2013
O que:- ENSAIO GERAL.
Quem:- BLOCO DE SAMBA “PEGA O LENÇO E VAI” 2013
Quando:- 19/01/2013
Horário: 15h
Onde: CCDL - Centro Cultural Dona Leonor
End:- Rua San Juan, 121 Parque das Américas - Estação CPTM
Guapituba. Uns 5 minutos a pé da estação Guapituba.
TEMA: LUIZ GAMA
CARTA ABERTA
O Bloco de Samba Pega o Lenço e
Vai foi criado por um grupo de trabalhadores. O bloco se reúne há três anos
para levar as ruas do Parque das Américas (Mauá – SP), um momento lúdico e de
protesto. O grande objetivo é trazer à tona personalidades negras do Brasil,
garantindo a lei 10.639/2003 que exige que as escolas públicas (Municipais e
Estaduais) e particulares introduzam a historia do negro, negligenciada até
então do currículo escolar nacional. Porém, observamos que não há um esforço
para o cumprimento desta lei, uma vez que a formação no ensino superior, também
nega as lutas e as contribuições do negro para o desenvolvimento do Brasil, ao
longo dos seus 512 anos. Assim, este ano apresentamos em nosso tema uma das
figuras mais relevante da historia do Brasil: Luiz Gonzaga Pinto da Gama, ou
simplesmente, LUIZ GAMA. Nascido em 21 de junho de 1830, na cidade de São
Salvador, capital da Bahia, Luiz Gama era filho de Luiza Mahin, africana livre,
oriunda da Costa da Mina (Nagô de nação). Luíza, descrita por Luiz Gama era uma
mulher rebelde e insubmissa, que não aceitava a escravidão, e juntamente com um
grupo de africanos de diversas nações participou na Revolta dos Malês (25 de
janeiro de 1835, São Salvador – Bahia). Seu pai, um fidalgo português o vendeu
aos 10 anos de idade para o mercado de escravos de forma ilegal, como pagamento
de uma dívida de jogo. O menino Luiz Gama passa pelo Rio de Janeiro, e
desembarca no porto de Santos. Ele é trazido para Campinas a pé, porém ninguém
o quer como escravo, por ele ser baiano. (Naquele momento, escravos oriundos da
Bahia eram tidos como escravos insubmissos, causando problemas aos seus
donos.). Desta forma, ele continua com o seu “dono”. Aos 17 anos, aprende a
ler, escrever e a contar alguma coisa, com a ajuda de um Alferes que havia se
instalado na fazenda que o pequeno Luiz se encontrava. Buscando compreensão de
sua história, descobre que fora vendido de forma ilegal, em 1848 e foge da
fazenda. No mesmo ano, senta Praça na Força Pública da Província de São Paulo,
onde trabalha até 1854, e então recebe baixa por insubordinação, pois ameaçou
um oficial que o havia insultado, ficando preso por 39 dias. Na busca por
aprimoramento intelectual, Luiz Gama consegue um novo emprego no serviço
público como escrivão e perante diversas autoridades policiais foi nomeado
amanuense (Escrevente de documentos Oficiais) da Secretaria de Polícia, onde
serviu até os seus 38 anos, sendo demitido em 1869 devido sua defesa pública a
um africano de nome Jacinto, de Minas Gerais, aportado no Brasil após 1831, ano
em que foi aprovada uma lei que proibia o tráfico de africanos em terras
tupiniquins. Luiz Gama lança em 1859 um livro de poemas no qual utiliza toda
sua destreza e inteligência em suas “Primeiras Trovas Burlescas de Getulino”
(De 1859 - 1ª Edição e de 1861 - 2ª Edição – Sob pseudônimo Getulino). Apesar
de sofrer um abalo econômico, por estar sem emprego, empreende a carreira de
jornalista, para assim, continuar em sua luta abolicionista. Iniciou como
tipógrafo no jornal O Ipiranga e já em 1869, passou a fazer parte da redação do
jornal Radical Paulistano em um ambiente com grandes personagens como Castro
Alves, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. A partir de 1868, Luiz Gama iniciou um dos
seus feitos memoráveis, no trabalho como rábula (Advogado sem diploma –
atividade permitida na época), no qual, o exercia em defesa de escravos nos
tribunais do Império, pelas suas alforrias. Tem-se noticia de que conseguiu
alforriar cerca de 500 negros escravizados. Em uma de suas defesas, ele
pronuncia a seguinte frase: O escravo que mata seu senhor, seja em quais
circunstâncias for, mata sempre em legitima defesa! Estendendo suas ações em
prol de uma sociedade livre, acompanhado de personalidades como Dr. Américo
Brasiliense e José Luiz Flacquer entre outros, inicia a tentativa de fundação
do Partido Republicano. Porém, após o Primeiro Congresso Republicano, em São
Paulo Luiz Gama, descontente com o posicionamento do partido em não discutir a
abolição da escravidão sem concessão de indenização aos donos de escravos,
passa a fazer críticas aos Republicanos. Ressaltamos ainda a sua luta através
da Imprensa, no qual foi um dos idealizadores, criadores e colaboradores dos
jornais humorísticos “O Diabo Coxo” (De 1864 – 1865 - Sob pseudônimo Getulino),
o “Cabrião” (De 1866 – 1867 - Sob pseudônimo Barrabás), “Radical Paulistano”
(De 1869), “O Coaracy” (De 1876), “O Polichinelo” (De 1876). Em 24 de agosto de
1882, morre vitima de Diabetes, em São Paulo. Por isto, este ano de 2013, o
Bloco de Samba “Pega o Lenço e Vai”, traz a memória deste que foi uma das
figuras mais atuantes no cenário político do Brasil Imperial, combatendo a
escravidão de todas as formas. Sendo ele negro e ex- escravo, transformou a
historia do Brasil, abalando com a estrutura do sistema escravista. Eis aqui,
Luiz Gonzaga Pinto da Gama, ou simplesmente:
LUIZ GAMA. (1830 – 1882)
“O livro é o mais útil e sincero
amigo do homem bom.”
O Polichinelo, de 27 de agosto de
1876.