Nos Palcos da Vida, Uma
Vida no Palco...Marília
Divina inspiração, um ato de amor
A arte concebeu Marília
Tão menina, a flor bailarina
Carrega no sangue o dom de
encenar
Vai brilhar na ribalta infinita
Liberta, a poesia não vai se
calar
Nos palcos de corpo e alma
Desponta no alvorecer
Destino traçado, talento e magia
Estrela a resplandecer
Ê mulher... Lições pra ensinar
São elas por ela, mil vidas
contar
Tem Carmem Miranda, ganzá e
pandeiro
De saia rodada, ginga no terreiro
Dama do cinema e televisão
Em qualquer cenário transmite
emoção
Graciosidade e carisma
Um anjo da noite embala criança
A lua cheia de amor reflete
esperança
Meu samba chamou você pra sambar
E te consagrar rainha do nosso
carnaval
Pois o teu nome já é
imortal...Bravo, Marília!
Orgulho do nosso país... És musa,
brilhante atriz
O mundo a reverenciar...
Nossa "Morada" a
homenagear!
Vem aplaudir a diva nos palcos da
vida
Faz delirar, meu povo alegre a
cantar
Mulher guerreira, bem brasileira
A Mocidade é Marília Pêra
Seu nome... Marília Pêra!
Atriz, bailarina, cantora,
diretora e coreógrafa, Marília nasceu em uma família de artistas e desde pequena
– curiosa e atenta ao comportamento humano – observou com reverência a
trajetória de grandes atores, e deles buscou ser espelho para construir sua
história no teatro, cinema e televisão. Falar de Marília é falar do jeito
brasileiro de atuar... Exaltar Marília é celebrar a cultura nacional... Eis aí
a nossa nobre missão: Reverenciar sua obra! Inspirada pelo talento da grande
homenageada, a Morada do Samba vai passar... Com a magia dos deuses da arte, o
requinte de uma peça sheakespeariana, a irreverência de um teatro de revista, o
encanto luminoso de um filme, a emoção de uma novela... E com a dignidade de
uma Escola de Samba! E ela, que brilhou esplendorosa como estrela nos palcos da
vida, arrancando calorosos aplausos, hoje brilha na constelação desse palco
iluminado dos sambistas. Tomem seus lugares... O último sinal tocou, as
cortinas se abrirão... O show vai começar! Avante, Família Mocidade Alegre!
Sinopse do Enredo Ato 1 – Luzes
da Ribalta... A Arte Inspira a Menina-Bailarina... Surge Uma Estrela!
Evoé!
Lá, onde os imortais venceram o
tempo, um cortejo de bacantes faz as oferendas em louvor a Dionísio. É desse
eterno ritual que emana a força vital do Carnaval e do Teatro, juntos e
inseparáveis. Nessa delirante festa de celebração à vida, o belo Apolo – deus
da luz do sol, da beleza e da arte – encontra Terpsícore, a Musa da Dança.
Do bailado divino desses dois
seres, sela-se o destino de uma menina, Marília. Filha de Manoel Pêra e Dinorah
Marzullo. Neta de Antônia Marzullo. Sobrinha de Abel Pêra. Todos eles
atores!... Nascida em uma família de artistas. Por serem artistas, já estavam
todos a um passo da imortalidade.
Embalada por acordes musicais e
vozes possuídas pela glória de viver mil vidas, teve aos dezenove dias de
existência a sua primeira oportunidade de subir ao palco de um teatro. Nas
coxias, brincou com as musas da canção, da comédia, da tragédia, do bailado e
da fama. Aos quatro anos já era uma atriz, com o texto e a marcação de cor, e
envolta aos encantos dos grandes clássicos do teatro universal.
Alimentada pela atmosfera
atemporal dos palcos, pela poesia – que baila livre e incontida como a poeira
sob as luzes da ribalta – e pelos aplausos, cresce a menina que teve nas coxias
seu berço, seu jardim da infância, sua escola, onde ela viu os pais e seus
colegas atuarem, fazendo dela graciosa bailarina.
Definitivamente, seu destino não
haveria de ser outro senão o mágico dom de representar... Ao nascer e crescer
iluminada pelos deuses ganhara a missão de cantar e encantar para que, um dia,
viesse a se tornar uma diva imortal.
Um talento a revelar, um destino
a se cumprir... Eis que surgia uma estrela!
Ato 2 – Nos Palcos, o Alvorecer!
Seguindo o destino traçado pelos
deuses, alçou longos voos em sua brilhante carreira...
Do início como corista ao posto
de atriz principal, Marília Pêra tornou-se uma respeitável dama do teatro
brasileiro, graças à sua versatilidade no trânsito entre a comédia e a tragédia
e a uma disciplina incomum aos meros mortais.
Viveu, com brilhantismo, grandes
clássicos do teatro universal, dando vida e voz muito especiais a ricos
personagens de montagens consagradas, como Medeia, A Megera Domada, Ópera dos
Três Vinténs e O Barbeiro de Sevilha.
Brilhou em Se Correr o Bicho
Pega, Se Ficar o Bicho Come, em Fala Baixo Senão Eu Grito, em Apareceu a
Margarida, em A Vida Escrachada... Célebres e impagáveis atuações!
Que Deus lhe Pague, pois nem os
duros “anos de chumbo” – em que uma Roda Viva aprisionou e torturou a poesia e
a liberdade – conseguiram apagar o brilho dessa estrela, que tem como sina a
arte de fazer a plateia rir ou chorar.
Marcou seu nome definitivamente
no panteão dos deuses dos palcos brasileiros ao protagonizar diversas
montagens, dentre elas Toda Nudez Será Castigada, Victor ou Vitória, Gloriosa e
Alô Dolly.
Assim foi, no palco, o Doce
Deleite de declarar seu amor ao teatro e à classe artística, exaltando os
muitos profissionais da cena, verdadeiros operários que mantém viva a vida que
se mostra ao descerrar das cortinas.
O Brasil e o mundo conheceram a
genialidade de uma lenda dos palcos... Era apenas o início da consagração, pois
viria também a se destacar como cantora, coreógrafa e diretora...
A estrela aceitou o seu destino:
o destino de brilhar!
Ato 3 – Grandes Mulheres Em Uma
Grande Mulher... Elas Por Ela!
"...A criança que eu fui,
assistindo e escutando o trabalho dessas
Grandes artistas, atrizes e
cantoras
Mulheres apaixonadas e
apaixonantes
Que de certa forma contam a nossa
própria história
Essa criança permanece viva
dentro de mim
Imutável, encantada...
E eu gostaria que ela ficasse
sempre comigo
Para que juntas pudéssemos
cantar, dançar, representar... Viver
Todas as nossas possibilidades de
mulheres e de artistas
E assim, sermos felizes!”
(Texto de André Valli,
especialmente para Marília Pêra no espetáculo Elas por Ela)
Fascinada pelas mulheres ousadas
e maravilhosas, que ora influenciaram a cultura mundial, ora construíram o
panorama musical brasileiro no Século XX, Marília fez questão de,
carinhosamente e respeitosamente, revivê-las no palco.
O carinho pelas grandes divas da
ópera, pelas vedetes do teatro de revista, pelas rainhas do rádio e pelas musas
da MPB levou Marília a atuar em inúmeros musicais, onde ela declarou seu amor e
admiração pelas estrelas da canção.
Presenteou o público com
deliciosas atuações, encantando e cantando obras imortalizadas por reluzentes
estrelas da música... Passeou por canções eternizadas nas vozes de Maria
Callas, Chiquinha Gonzaga, Aracy de Almeida, Emilinha Borba, Dolores Duran,
Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Nara Leão, Nana Caymmi, Dona Ivone Lara,
Clementina de Jesus, Clara Nunes, Elis Regina...
É reluzente, no espetáculo Elas
por Ela, sua homenagem a Aracy Côrtes entoando os versos de Tem Francesa no
Morrô: “Dance Ioiô...Dance Iaiá...”
Além de nomes imortais da música,
como a inesquecível Dalva de Oliveira em A Estrela Dalva, também exaltou, com
maestria e beleza, grandes responsáveis pelo fortalecimento da figura feminina
na sociedade moderna... Representou célebres mulheres, dentre elas a glamourosa
estilista Mademoiselle Chanel e a lendária primeira dama do Brasil, Dona Sarah
Kubistcheck... São atuações inesquecíveis, que fazem de Marília Pêra uma
artista ímpar na arte de reviver talentos e grandes valores do nosso tempo.
Eis o seu fascínio pelas “muitas
mulheres que nela habitam”! Entre tantas estrelas vividas por Marília, a mais
emblemática e carismática é Carmem Miranda – “A Pequena Notável”, que ela
representou mais de oito vezes, com seus balangandãs, seu sorriso irresistível
e seus versos mundialmente conhecidos...
“O meu ganzá faz Chica Chica Bum,
Chic...
Prá eu cantar é Chica Chica Bum,
Chic...
É brasileiro o Chica Chica Bum,
Chic...
Com um pandeiro fazendo Chica
Chica Bum, Chic...”
Ato 4 – A Grande Dama... Das
Telas Para os Braços do Povo
Marília Pêra tornou-se grande
dama das artes no Brasil por ter oferecido seu raro talento a todos os meios
onde o dom de atuar se faz presente.
Tão reluzente quanto seu brilho
nos palcos dos teatros foi seu carisma nas telas do cinema e da televisão.
Brilhou, com merecido destaque, em todas as searas por onde passou... Uma
artista completa, versátil e carismática.
O cinema, desde seu surgimento,
marcou o destino dos grandes artistas e com ela não foi diferente: na magia da
“Sétima Arte”, Marília brilha no Bar Esperança, que reúne artistas, poetas e
sonhadores que acreditam: Dias Melhores Virão! Enquanto isso, lá fora, Pixote
está sob a proteção dos nada santos Anjos da Noite.
Televisão, o Brasil se emocionou
e torceu pelo destino de personagens fascinantes em novelas, seriados,
minisséries e especiais, fossem elas astutas como a Manuela em Beto Rockfeller,
sofisticadas como a Rafaela Alvaray em Brega & Chique, amargas e vingativas
como a Juliana em O Primo Basílio, batalhadoras como a camelô Genu em Lua cheia
de Amor ou oportunistas como a Milu Montini em Cobras & Lagartos.
Como não se comover com a
desafortunada prostituta morta Erotildes, da minissérie Incidente em Antares?
Morte, aliás, que é vencida pela alegria por Darlene, a querida alcoólatra
maquiadora de defuntos no seriado Pé na Cova.
No cinema, a expressão que
fascina... Na televisão, a emoção que arrebata... Uma diva brasileira nas telas
do mundo!
Ato 5 – Uma Artista Completa e
Brasileira... A Consagração de Uma Estrela: Obrigado, Marília!
Brasileira de corpo e alma,
Marília Pêra já brilhou muitas vezes na passarela do samba, defendendo com
garra cada personagem. Na avenida ela já foi Carmem Miranda, Nair de Teffé,
Coco Chanel... Mas hoje ela será... Ela!... Absoluta, fulgurante, uma
verdadeira diva!
Marília dedicou grande parte de
sua carreira ao resgate e a valorização de artistas que desenharam a identidade
do país. Além das divas da canção, nossa homenageada também interpretou Ary
Barroso – e sua Aquarela do Brasil; e o Rei Roberto Carlos, a 120... 150... 200
Km por Hora.
Seu talento nato lhe rendeu
grandes e cobiçados prêmios – no Brasil e no mundo – oferecidos em
reconhecimento pelo amor e dignidade com que trata sua arte, sua profissão. É o
amor de quem nasceu, cresceu, amou e, enfim, viveu no palco. Um amor verdadeiro
que é percebido popularmente em todo o país, que aponta Marília como uma das
mais queridas atrizes brasileiras.
E hoje – diante de uma plateia
emocionada – a Mocidade Alegre, carinhosamente, transforma a passarela em um
imenso teatro, para declarar ao mundo sua gratidão e reconhecimento a ela...
Marília Pêra, que viveu tantas vidas em sua vida, agora será vivida, cantada,
dançada e aplaudida de pé por todos nós, os sambistas que tanto nos orgulhamos
de sua arte...
Eis a merecida celebração de uma
vida no palco... O palco do samba! Cumprindo os desígnios dos deuses, tú és
imortal...
Bravo, Marília!
Sidnei França Carnavalesco
G.R.C.E.S.Mocidade Alegre – A
“Morada do Samba” – 10 de Junho de 2014