Francisco Buarque de Hollanda,
mais conhecido por Chico Buarque ou Chico Buarque de Hollanda, (pseudônimo durante a ditadura Julinho da Adelaide),
Filho do historiador Sérgio
Buarque de Holanda, iniciou sua carreira como escritor em 1962, quando escreveu
seu primeiro conto aos 18 anos, ganhando destaque como cantor a partir de 1966,
quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o
Festival de Música Popular Brasileira com a música A Banda. Socialista
declarado autoexilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão da
ditadura militar no Brasil nos chamados "anos de chumbo",
tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica
política e na luta pela democratização no país. Na carreira literária, foi
vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de
Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite
Derramado, em 2010.
Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz
Marieta Severo, com quem teve três filhas, Sílvia Buarque, Helena e Luísa. Chico
é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina. Ao contrário da crença
popular, Aurélio Buarque era apenas um primo distante do pai de Chico.
Início de carreira
Chico Buarque chegou a ingressar
no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de São Paulo (FAU) em 1963. Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a
se dedicar à carreira artística. Neste ano, lançou Sonho de Carnaval, inscrita
no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV
Excelsior, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do
modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico
morfológico e politização, mais significativamente na década de 1970. A primeira composição
séria, Canção dos Olhos, é de 1961.
Conheceu Elis Regina, que havia
vencido o Festival de Música Popular Brasileira (1965) com a canção Arrastão,
mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez
do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o
mesmo Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com A
Banda, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de
Geraldo Vandré e interpretado por Jair Rodrigues). No entanto, Zuza Homem de
Mello, no livro A Era dos Festivais: Uma Parábola, revelou que "A
Banda" venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de
votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda" ganhou a
competição por 7 a
5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse
não aceitar a derrota de Disparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora
entregar o prêmio ao concorrente.
No dia 10 de outubro de 1966,
data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como unanimidade
nacional, alcunha criada por Millôr Fernandes.
Canções como Ela e sua Janela, de
1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor. Com a observação da
sociedade, como nas diversas vezes em que citação do vocábulo janela está
presente em suas primeiras canções: Juca, Januária, Carolina, A Banda e
Madalena foi pro Mar. As influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita,
1965, citado na letra, e Ismael Silva, como em marchas-ranchos.
Festivais de MPB na década de
1960
No festival de 1967 faria sucesso
também com Roda Viva, interpretada por ele e pelo grupo MPB-4 — amigos e
intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968 voltou a vencer outro Festival,
o III Festival Internacional da Canção da TV Globo. Como compositor, em
parceira com Tom Jobim, com a canção Sabiá. Mas desta vez a vitória foi
contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: Pra
não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré.
A participação no Festival, com A
Banda, marcou a primeira aparição pública de grande repercussão apresentando um
estilo amparado no movimento musical urbano carioca da Bossa nova, surgido em
1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB também seriam estilos amplamente
explorados.
Trilha-sonora e adaptações de livros
Chico participou como autor e
compôs várias canções de sucesso para o filme Quando o Carnaval chegar, musical
de Cacá Diegues. Compôs a canção-tema do longa-metragem Vai trabalhar
Vagabundo, de Hugo Carvana — Carvana chegou a modificar o roteiro a fim de usá-la
melhor. Faria o mesmo com os filmes seguintes desse diretor: Se segura malandro
e Vai trabalhar vagabundo II. Adaptou canções de uma peça infantil para o filme
Os Saltimbancos Trapalhões do grupo humorístico Os Trapalhões e com
interpretações de Lucinha Lins. Outras adaptações de uma peça homônima de sua
autoria foram feitas para o filme A Ópera do Malandro (filme), mais um musical
cinematográfico. Vários filmes que tiveram canções-temas de sua autoria e que
fizeram muito sucesso além dos citados: Bye Bye Brasil, Dona Flor e seus dois
maridos e Eu te amo, os dois últimos com Sônia Braga. Recentemente, chegou a
ter uma participação especial como ator no filme Ed Mort. Ele escreveu um livro
que virou filme, Benjamim, que foi ao ar nos cinemas em 2003, tendo como
intérpretes dos personagens principais Cleo Pires, Danton Melo e Paulo José.
Em maio de 2009, é lançado o
filme Budapeste com roteiro baseado em livro homônimo de Chico Buarque. No
filme há também a participação especial do escritor.
Teatro e literatura
Musicou as peças Morte e vida
severina e o infantil Os Saltimbancos. Escreveu também várias peças de teatro,
entre elas Roda Viva (proibida), Gota d'Água, Calabar (proibida), Ópera do
malandro e alguns livros: Estorvo, Benjamim, Budapeste e Leite Derramado.
Chico Buarque sempre se destacou
como cronista nos tempos de colégio; seu primeiro livro foi publicado em 1966,
trazendo os manuscritos das primeiras composições e o conto Ulisses, e ainda
uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre A Banda. Em 1974, escreve a
novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979, Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema
para crianças. A bordo do Rui Barbosa foi escrito em 1963 ou 1964 e publicado
em 1981. Em 1991, publica o romance Estorvo (vencedor do Prêmio Jabuti de melhor
romance em 1992[15])e, quatro anos depois, escreve o livro Benjamim. Em 2004, o
romance Budapeste ganha o Prêmio Jabuti de Livro do Ano. Em 2009, lança o livro
Leite Derramado, que também recebe o Prêmio Jabuti de Livro do Ano.
Oficialmente, a vendagem mínima de seus livros é de 500 mil exemplares no
Brasil.
Polêmica sobre o Prêmio Jabuti
Tanto Budapeste quanto Leite
Derramado venceram o prêmio Jabuti como Livro do Ano sem terem vencido o mesmo
prêmio na categoria Melhor Romance. Budapeste foi o terceiro colocado na
premiação de melhor romance de 2004, enquanto Leite Derramado havia sido o
segundo colocado em 2010. Após a escolha de 2010, muitas críticas foram feitas
à forma de premiação, tendo em vista que na premiação por categorias, o júri
seria composto por especialistas, sendo que na premiação para Livro do Ano, a
votação representaria a vontade dos empresários do setor. Os três primeiros
colocados de cada categoria concorriam ao prêmio final, de Livro do Ano. Uma
petição on line, intitulada "Chico, devolve o Jabuti!", recolheu
milhares de assinaturas. A editora Record (que publicara Se Eu Fechar os Olhos
Agora, de Edney Silvestre, vencedor na categoria melhor romance e preterido na
votação final) criticou o regulamento do prêmio, alegando que favoreceria
pessoas com grande penetração na mídia e seria um desrespeito com o júri
especializado e com os próprios autores, anunciando que deixaria de inscrever
candidatos ao prêmio. Com a polêmica, foi anunciado que em 2011 apenas os
vencedores de cada categoria concorreriam à premiação final.
Programas televisivos
Deixou de participar de programas
populares de televisão, tendo problemas com o apresentador Chacrinha, que teria
feito uma piada com a letra da canção Pedro Pedreiro, ao ouvir o ensaio. Irritado,
Chico foi embora e nunca se apresentou no programa. O executivo Boni proibiu
qualquer referência a Chico durante a programação da TV Globo, depois que ambos
também tiveram um entrevero, mas por pouco tempo, uma vez que ainda durante a
década de 1970 (e o começo da de 80) músicas suas constavam das trilhas de
várias telenovelas, como Espelho Mágico e Sétimo Sentido. Ao fim da proibição
vários anos depois, Chico aceitou fazer um programa com Caetano Veloso, que
contou com a participação de outros artistas.
Crítica ao Regime Militar do Brasil
Ameaçado pelo Regime Militar no
Brasil, esteve auto-exilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos
com Toquinho. Nessa época teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma
alusão negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta
ser em referência à situação) e Cálice proibidas pela censura brasileira.
Adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide, com o qual compôs apenas três
canções: Milagre Brasileiro, Acorda amor e Jorge Maravilha. Na Itália Chico
tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla, de quem fez a belíssima Minha História,
versão em português (1970) da canção Gesù Bambino (título verdadeiro 4 marzo
1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino. Em viagem a França, tornou-se amigo de
Carlos Bandeirense Mirandópolis inspirando-se em uma de suas composições para
criar Samba de Orly.
Ao voltar ao Brasil continuou com
composições que denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a
célebre Construção ou a divertida Partido Alto. Apresentou-se com Caetano
Veloso (que também foi exilado, mas na Inglaterra) e Maria Bethânia. Teve outra
de suas músicas associada a críticas a um presidente do Brasil. Julinho da
Adelaide, aliás, não era só um pseudônimo, mas sim a forma que o compositor
encontrou para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos
créditos de uma música. Para completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade,
Julinho da Adelaide chegou a ter cédula de identidade e até mesmo a conceder
entrevista a um jornal da época.
Uma das canções de Chico Buarque
que criticam a ditadura é uma carta em forma de música, uma carta musicada que
ele fez em homenagem ao Augusto Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil
ainda vivia sob a ditadura militar.
A canção se chama Meu Caro Amigo
e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado em Lisboa. A canção foi
lançada originalmente num disco de título quase igual, chamado Meus Caros
Amigos, do ano de 1976.
Nordeste já
Valendo-se ainda do filão
engajado da pós-ditadura, cantou, ainda que com uma participação individual
diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit estadunidense
que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto
Nordeste Já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num
compacto de criação coletiva com as canções Chega de mágoa e Seca d'água.
Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto
criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada
uma delas no coro.
Assista vídeo:
Livros
§
1974: Fazenda Modelo
§
1979: Chapeuzinho Amarelo
§
1981: A bordo do Rui Barbosa (ilustrações de Vallandro Keating)
§
1991: Estorvo (primeiro romance)
§
1995: Benjamim
§
2003: Budapeste
§
2009: Leite Derramado
|
Peças
§
1967/8: Roda Viva
§
1973: Calabar (co-escrita com Ruy Guerra)
§
1975: Gota d'Água
§
1978: Ópera do Malandro
§
1983: O Grande Circo Místico
|
Filmes
§
1972: Quando o carnaval chegar (coautor)
§
1980: Certas Palavras
§
1983: Para Viver um Grande Amor (coautor)
§
1985: Ópera do Malandro
§
1995: O Mandarim (filme) (ator)
Discografia
1966: Chico Buarque de Hollanda
1966: Morte e Vida Severina
1967: Chico Buarque de Hollanda
vol. 2
1968: Chico Buarque de Hollanda
(compacto)
1968: Chico Buarque de Hollanda
vol. 3
1969: Umas e Outras (compacto)
1969: Chico Buarque na Itália
1970: Apesar de Você
1970: Per un Pugno di Samba
1970: Chico Buarque de Hollanda -
Nº4
1971: Construção
1972: Quando o Carnaval Chegar
1972: Caetano e Chico Juntos e ao
Vivo
1973: Chico Canta
1974: Sinal Fechado
1975: Chico Buarque & Maria
Bethânia ao Vivo
1976: Meus Caros Amigos
1977: Cio da Terra compacto
1977: Os Saltimbancos (álbum)
1977: Gota d'Água
1978: Chico Buarque
1979: Ópera do Malandro
1980: Vida
1980: Show 1º de Maio
1981: Almanaque
1981: Saltimbancos Trapalhões
1982: Chico Buarque en Español
1983: Para Viver um Grande Amor
(trilha sonora)
1983: O Grande Circo Místico
1984: Chico Buarque
1985: O Corsário do Rei
1985: Malandro
1986: Melhores Momentos de Chico
& Caetano
1986: Ópera do Malandro
1987: Francisco
1988: Dança da Meia-Lua
1989: Chico Buarque
1990: Chico Buarque ao vivo Paris
Le Zenith (disco de ouro)
1993: Paratodos (disco de ouro)
1995: Uma Palavra
1997: Terra
1998: As Cidades (disco de ouro)
1998: Chico Buarque de Mangueira
1999: Chico ao Vivo (disco de
ouro)
2001: Cambaio
2002: Chico Buarque – Duetos
2004: Perfil - Chico Buarque
2005: Chico No Cinema
2006: Carioca (CD + DVD com o
documentário Desconstrução)
2007: Carioca Ao Vivo
2008: Chico Buarque Essencial
2010: Chico Buarque Perfil 2
2011: Chico
Fonte: wikipédia