Desfile Grupo Especial
Carnaval São Paulo 2012 - Sexta-Feira, 17 de fevereiro.
Sexta 17 de Fevereiro
04:25 horas -
Acadêmicos do Tucuruvi
Local:- Sambódromo
Anhembi
O ESPLENDOR DE UMA
CIVILIZAÇÃO QUE O MUNDO NÃO VIU.
Negros primitivos de várias tribos, governados por reis e
rainhas, habitavam o coração da África, que naquela época possuía uma terra
fértil. A Mãe África preparou um lindo
enxoval para acolher seus filhos, para garantir que eles tivessem uma vida
próspera repleta de felicidade e paz, um continente onde havia fartura de ouro
e diamantes. Sendo todo o reino protegido por bravos guerreiros. Seus povos
viveram da criação de animais, da agricultura, da caça e da pesca. A região se
transformou com o tempo em uma referência no comércio. Um povo dedicado ao
trabalho que respeitava as suas autoridades, uma sociedade organizada que vivia
com dignidade sem vestígios da interferência e existência do homem branco, era
o esplendor de uma civilização primitiva.
O RESPEITO PELA NATUREZA, O SEU MAIOR TESOURO.
Os povos da África se consideravam filhos da natureza, por
habitarem o berço da natureza mais rica e exuberante da região. Dividiam suas
terras com toda a fauna e a flora nascida do ventre da Mãe África e revoadas de
pássaros que voam colorindo o céu. As savanas são o refúgio, o habitat dos
animais exuberantes típicos da fauna, entre caça e caçador na luta pela
sobrevivência. A biodiversidade marinha guardou verdadeiras obras esculturais
de diferentes formas de espécies de peixes nas águas dos rios que banham a
região. Ninguém até hoje pode provar a existência dos jardins suspensos da
Babilônia, mas acredita-se que os jardins ostentados entre as florestas da
África eram tão belos e perfeitos como os tais jardins que vários historiadores
já descreveram e idealizaram.
O mais incrível na cultura do povo ficou marcado no caráter
de cada cidadão no respeito que eles tinham pela natureza, a preocupação em
usufruir e desfrutar de seus recursos sem agredir e nem devastar, a
conscientização pela preservação. Sendo a natureza o seu maior tesouro.
A FÉ E A RELIGIOSIDADE CULTURAL.
Um povo de muita fé, crenças culturais e uma filosofia de
vida onde seus líderes espirituais tinham poder nas decisões tomadas pelos
governantes. Entre seu povo havia as mães feiticeiras, curandeiras que
utilizavam recursos da natureza como plantas medicinais e partes de animais
mortos em rituais de magias para a cura de diversas doenças e maldições sendo
consideradas doutoras das tribos, também realizavam partos de mulheres e
animais e contribuíam na preparação dos banquetes nas festas religiosas.
Outros personagens importantes para a sociedade, eram os
conselheiros sábios das tribos, homens que possuíam domínio sobre previsões do
futuro, utilizavam búzios e dentes de animais em suas consultas. Estes sábios
aconselhavam reis e generais nas estratégias de guerra, na organização e na
administração de todo o reino, ou até mesmo executavam o ofício de professores
na educação das crianças, passando para a futura geração todo seu conhecimento.
Uma cultura rica em tradições religiosas, marcada por
rituais de danças ao som de tambores em agradecimento a Mãe África pela fartura
e pela paz que reinava nas tribos, celebração de casamentos, festivais e danças
tribais para celebrar a chegada de um novo filho ou a abundância da colheita;
rituais de magia invocando os espíritos das florestas pedindo a proteção para
seu reino dos espíritos maus da floresta, responsáveis pela peste, a miséria e
a destruição das matas e das tribos. Eles acreditavam que foram criados pelo
espírito da Mãe África e que eram protegidos pelos seus guardiões e que após a
morte existia um reino perfeito onde eles iriam morar, sendo governados pela
Mãe África livre de todo mal. Realizavam cultos sagrados em um grande templo
construídos todo em pedras rústicas e palha para fazer suas orações e seus
sacrifícios.
RIQUEZA DA ARTE AFRICANA.
O artesanato estava presente no dia a dia e em todos os
momentos de suas vidas para suprir as suas necessidades. Utilizavam muita palha
na confecção de cestos e trançados muito úteis na vida doméstica. A palha
também era a principal matéria prima na confecção das casas das tribos, junto
com a madeira, prezando a característica própria e rústica na arquitetura. As
mulheres eram as principais artesãs das aldeias. Passavam grande parte de seu
dia confeccionando peças e artigos para seus lares e ensinavam seus filhos.
Confeccionavam suas próprias roupas com peles de animais e linhos. Faziam
roupas bem coloridas, redes e colchas, adornos com dentes e búzios para
utilizarem em rituais ou simplesmente para se enfeitarem.
Amuletos para rituais e para proteção dos espíritos ruins da
floresta. Extraíam do fundo dos riachos o barro muito bom para cerâmica, muito
importante para os povos das tribos. Confeccionavam diversos tipos de vasos, de
vários tamanhos, formatos e cores. Os nativos pediam permissão à natureza para
extrair de suas árvores o material necessário para execução de suas casas, canoas,
armas de guerra como arcos e flechas, lanças e esculturas talhadas em madeira. A arte era
expressa pelas danças alegres das tribos, com indumentárias especiais e
pinturas coloridas sobre o rosto e o corpo, ao som de tambores e flautas
primitivas com movimentos fortes e sensuais.
ARTE E CULTURA BRASILEIRA HERDADOS DOS FILHOS DA ÁFRICA.
O ritmo do samba executado pelas baterias das agremiações,
desde o início, esteve profundamente relacionado à África em sua essência,
visto que, o ritmo originário do batuque africano, era utilizado nos cultos e
rituais dos negros. E ao ser transplantado para as terras brasileiras, o
batuque foi se adaptando às características locais sem perder sua estrutura e
função. A batida dos tambores segundo o compasso das batidas do coração, seguia
o ritmo pelas veias inspirando os movimentos do corpo na dança.
Os negros que aqui se instalaram, na transição dos séculos
XIX e XX na Bahia, tinham na cultura herdada pelos povos africanos um dos
principais motivos de socialização e de conservação de seus costumes. Essa
associação entre música e culto religioso foi um dos fatores que contribuiu
bastante para a instituição de grupos diversos, que levou o ritmo africano para
as ruas da cidade.
Começou no nordeste e ao longo do tempo se expandiu para o
sudeste brasileiro até chegar à Terra da Garoa. Adotando assim o samba, como
elemento principal nos cordões, ranchos, blocos e, no final desse processo, as
Escolas de Samba, que surgiram a partir da fusão de elementos de diversas manifestações
carnavalescas. As disputas realizadas pelo negro, antigamente, era roubar o
pavilhão rival através da dança, resultando hoje no bailado do mestre sala
sendo guardião de sua porta bandeira. O cortejo rememorando a ancestralidade
Afro-Brasileira não está apenas no batuque do samba, mas na ginga da capoeira,
trazida pelos negros usada como defesa e transformada em arte com a mestiça
brasilidade. A riqueza da gastronomia brasileira herdada das mulheres
quituteiras, vindas da África trazia muito tempero e muita pimenta agregada às
especiarias já existentes nestas terras, deixando o Brasil com um novo sabor. E
hoje a raiz da nossa raça, traz os traços da beleza negra. Nesta noite, a
Acadêmicos do Tucuruvi, homenageia este povo de grande valor, que fez desta
maravilhosa escola de samba ser o que é hoje, o quilombo da folia. Agradecemos
ao negro por nos presentear com sua rica cultura que será exaltada na maior
festa do mundo, o Carnaval Brasileiro, onde neste enredo a Tucuruvi é a guardiã
da cultura Afro-Brasileira.
Veja mais:- http://www.academicosdotucuruvi.com.br
Vídeo:
“O esplendor da
África no reinado da folia”
Compositores: Rodrigo Atração, Fábio Jelleya, Edson Liz,
Henrique Barba, Silvinho, Márcio Alemão, Waltinho, Felipe Mendonça, André
Filosofia, Maurício Pito, Diley Machado, Leandro Franja e Xandinho
Intérprete: Igor Vianna
Teu filho, oh mãe
África,
Faz festa pra te
exaltar
Sou Tucuruvi, tua
história
Meu samba vai revelar
África!
Terra de raro esplendor
Berço de uma nação
Que acolhe teus filhos em teu coração
“brilhou em teu solo a riqueza”
Lindas obras da mãe natureza
Selvagem paraíso: um tesouro natural!
Em cada filho teu, o amor por esse chão
Levantando a bandeira da preservação
É a fé que embala o
teu caminhar
Na mãe feiticeira o
dom de curar
Ao som do tambor, há
celebração
A magia se espalha e
traz proteção
No dia a dia,
A arte era a tradução da criação
Modelada pelas mãos,
A inspiração transformou-se em alegria
Chegou à Bahia, na ginga da capoeira,
Com seu sabor, essa cultura
Fez nascer a raça afro-brasileira
Hoje, com a benção dos bambas,
Minha escola de samba vai passar
Com garra defendo meu pavilhão
No peito, a marcação
Herdeiro eu sou, da batida do tambor (ô ô ô)