José
Bezerra da Silva (Recife, 23 de fevereiro de 1927 — Rio de Janeiro, 17 de janeiro
de 2005) foi um cantor, compositor e violonista, percussionista e interprete
brasileiro dos gêneros musical Coco e Partido Alto, sub-gêneros do Samba.
Considerado o embaixador dos morros e favelas, cantou sobre os problemas
sociais encontrados dentro das comunidades, se apresentando no limite da
marginalidade e da indústria musical, também é considerado um dos principais
expoentes do samba do estilo partido alto.
Nordestino,
desde a infância foi ligado à música e sempre "sentiu" que
apresentava o dom de tocar, causando atritos com a família. O pai, da Marinha
mercante, saiu de casa quando Bezerra era pequeno, indo morar no Rio de
Janeiro. Com isso, depois de ingressar e ser expulso da Marinha mercante,
descobriu o paradeiro do pai e foi atrás dele. Causando mais atritos com o pai,
foi morar sozinho, no Morro do Cantagalo, trabalhando como pintor na construção
civil. Juntamente, era instrumentista de percussão e logo entrou em um bloco
carnavalesco, onde um dos componentes o levou para a Rádio Clube do Brasil, em
1950. Durante sete anos viveu como morador de rua em Copacabana, quando tentou
suicídio e foi salvo por um Santo da Umbanda. A partir daí passou a atuar como
compositor, instrumentista e cantor, gravando o primeiro compacto em 1969 e o
primeiro LP seis anos depois.
Inicialmente
gravou músicas sem sucesso. Mas a partir da série Partido Alto Nota 10 começou
a encontrar o público. O repertório dos discos passou a ser abastecido por
autores anônimos (alguns usando codinomes para preservar a clandestinidade) e
Bezerra. Antes do Hip Hop brasileiro, ele passou a mostrar a sua realidade em
músicas como: "Malandragem Dá um Tempo", "Sequestraram Minha Sogra",
"Defunto Caguete", "Bicho Feroz", "Overdose de
Cocada", "Malandro Não Vacila", "Meu Pirão Primeiro",
"Lugar Macabro", "Piranha", "Pai Véio 171",
"Candidato Caô Caô". Em 1995 gravou pela gravadora carioca CID
"Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró: Os Três Malandros In
Concert", uma paródia ao show dos três tenores, Luciano Pavarotti, Plácido
Domingo e José Carreras. O sambista virou livro em 1998, com "Bezerra da
Silva - Produto do Morro", de Letícia Vianna. Em 2001 tornou-se evangélico
da Igreja Universal do Reino de Deus e em 2003 gravou o CD Caminho de Luz com
músicas gospel. Em 2005, perto da morte, mas ainda demostrando plena atividade,
participou de composições com Planet Hemp, O Rappa, Velhas Virgens e outros
nomes de prestígio da Música Popular Brasileira. Morreu em 2005, aos 77 anos de
idade, perto de completar 78, eternizando-se no mundo do samba.
Morte
Bezerra
morreu na manhã de segunda-feira, dia 17 de janeiro de 2005 aos 77 anos, depois
de sofrer uma parada cardíaca, a poucos dias de completar 78 anos. De acordo
com o último boletim médico, a causa do óbito foi falência múltipla dos órgãos.
O corpo de Bezerra foi velado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. O
sepultamento foi em uma terça-feira, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju. Bezerra
estava internado desde o dia 28 de outubro, no Centro de Terapia Intensiva
(CTI) do Hospital dos Servidores do Estado, Rio de Janeiro, com embolia
pulmonar e pneumonia. O curioso desta data é que Bezerra se auto-intitulava
"bom malandro", por isso quando morresse, queria que não fosse numa
sexta-feira ou feriado, para não atrapalhar a praia dos amigos. E morreu numa
segunda-feira - ou seja, depois do fim-de-semana e no dia 17 de janeiro, o
primeiro mês do ano. Se foi o rei do SAMBA deixando todos abalados pela sua
morte. Um fato curioso lembrado pelo sambista e amigo Dicró foi que a morte de
Bezerra da Silva se deu no dia 17/1, uma verdadeira sátira ao 171 tão aclamado
em suas músicas.
Temas de músicas
Os
principais temas de suas músicas foram a vida do povo e os problemas da
sociedade e das favelas, como a exploração e a opressão sofridas pelos
trabalhadores, a malandragem e ladrões à margem da lei, a questão do uso de
drogas como a maconha e a condenação à caguetagem, ou delação. Esta última temática
se refere a uma das principais estratégias de sobrevivência da
"malandragem" em comunidades militarizadas pelo Estado e sob
constante vigilância policial, onde a "malandragem" exerce influência
e medo para que os moradores destas localidades não os delatem aos órgãos do
Estado. São numerosos os sambas de Bezerra da Silva que "condenam" de
forma apológica os "dedo-duros". Reflexos de uma sociedade que habita
um estado incapaz de garantir a segurança da população, que apela para a falsa
segurança oferecida por traficantes e marginais, mas que na maioria das vezes é
necessária, pois os indivíduos de fora deste grupo social os tem como inimigos.
Concluindo-se assim, que não são os moradores do morro que fomentam a guerra,
apenas defendem-se como podem. Fonte wikipedia.
Assista vídeo:-